quarta-feira, 4 de março de 2020

Como vc chama o estilingue???

Nos tempos do renascimento do estilingue como hobby formal aqui no Brasil, e não foi há muito, isto é, aconteceu lá pelo final dos anos 2008 e 2009, surgiu entre as diversas regiões brasileiras, e até entre brasileiros e portugueses, a curiosidade de saber como cada um chamava esse artefato:
- Estilingue
- Badoque
- Bodoque
- Badogue
- Atiradeira
- Baleeira
- Baliadeira
- Baladeira
- Peteca
- Seta
- Setra
- Funda
- Beca
- Fisga
foram as mais variadas definições; umas dicionarizadas, outras não, mas tudo se referia à mesma coisa: um dispositivo capaz de arremessar, de maneira geral, pequenos objetos como projéteis. Convencionou-se dividir em manufaturados e naturais; os naturais, caipiras, como são conhecidos em determinada região do Brasil, consistem em um galho forquilhado, ou forquilha, ou gancho beneficiado munido de borrachas.

Quando aparecia um ‘projeto de estilingue’, ou quando se queria dizer que um badoque natural era muito, muito feio, chamavam aquilo de GANCHO.

E você, como chama seu estilingue?

domingo, 12 de junho de 2016

Joerg Sprave, um mito

Não é exagero definir assim esse simpático alemão obcecado por armas e, principalmente, estilingues (entre outros hobbies que tem, como halterofilismo e facas). Nasceu em 1965 em Dortmund, Alemanha, e se formou em economia. Jorg (se lê Iorg), como é chamado, faz sucesso mundial em seu canal no YouTube onde apresenta armas de todos os tipos, incluindo armas de fogo e facas. Mas sua paixão mesmo é estilingues. Ele tem centenas de episódios em seu canal, com várias invenções inéditas de estilingue e outras armas, sempre usando borrachas. Com seu sorriso inconfundível é muito justo dizer que Jorg é hoje o maior influenciador dos amantes dos estilingues. Não há como assisti-lo e não se entusiasmar em fazer um estilingue. Vale a pena assistir seus videos. Abaixo, segue alguns dos vídeos que me incentivaram a entrar nesse hobby. Embora existam vídeos muito melhores em seu canal, estes foram decisivos em reacender o desejo de voltar à prática de criar e praticar atiradeira. 





sábado, 21 de maio de 2016

Estilingue profissional

Não existe essa de estilingue profissional! 

Estilingue com apoio de braço
É muito comum se ver em sites de vendas pessoas definindo sua mercadoria como sendo um estilingue profissional; mas o que, afinal de contas, torna aquilo um estilingue profissional? Observa-se uma tendência em dizer que qualquer estilingue com apoio de pulso ou apoio de braço seja profissional, e quanto mais incrementado for a engenhoca, na imaginação do comprador, mais potência. Você encontrará estilingue com lanterna, com molas propulsoras, com sistemas pontaria e até com mira a laser. Esses trambolhos são pura jogada de marketing para ganhar o dinheiro dos incautos!
Estilingue com molas

Não há nada que caracterize um estilingue como sendo profissional, oficialmente ou extraoficialmente. Atiradeira, por natureza, é um mecanismo artesanal e, no máximo, pode ocorrer de ser industrializada, o que não a torna profissional nem mesmo melhor; muitíssimo pelo contrário, estilingues industrializados são em sua maioria ruins, frágeis, fracos, limitados, não-duráveis, não-potentes e em muitos casos até perigosos. Suas peças de metal podem se soltar ou quebrar, voltando-se violentamente contra o rosto do atirador. Diga-se de passagem, os assim chamados estilingues profissionais nem mesmo são aceitos em campeonatos no Brasil (na Espanha o caso é outro). O que vale mesmo é o velho e bom estilingue caipira.

Qualquer que seja a forma de diversão, todavia, é válida, e esses estilingues têm seus méritos; alguns raros são de boa qualidade, atiram flechas (com muita dificuldade) e chamam atenção. Mas é possível dizer, sem hesitar, quem um bom estilingue feito à mão, com faixas Thera Band ou qualquer outra borracha, e malha cortada ao seu gosto, ganhará de 10 X 0 em muitos quesitos como potência, personalização, durabilidade e, porque não, tradição.

segunda-feira, 19 de março de 2012

História e definição

Introdução

O estilingue (ou badoque, bodoque, badogue, atiradeira, baladeira, baleeira, peteca, seta, setra, funda, beca ou, para os lusitanos, fisga) é uma pequena arma, de forma geral bastante simples, equipada com tiras elásticas capazes de disparar um projétil impulsionadas pela mão. O formato clássico consiste de uma pequena madeira em forma de “Y”, encontrada naturalmente em árvores, com duas borrachas presas em uma de suas extremidades às forquilhas. As outras extremidades das tiras vão até uma bolsa onde fica o projétil. A bolsa, normalmente feita de couro, é agarrada pela mão dominante do atirador e puxada para trás até ao ponto desejado para fornecer energia ao projétil (em determinados casos, a tração das borrachas podem alcançar a distância total dos braços com fitas ou tubos suficientemente longos ou próprios).

História e uso

Estilingues dependem de materiais fortes e adequados. A forquilha, no modelo tradicional em “Y”, deve ser feita de uma madeira adequada, como um galho de goiabeira, por exemplo, modelo clássico.

Os elásticos são normalmente feitos de borracha – tubos de látex, garrotes, fitas de exercícios físicos ou equivalentes. Portanto, a história do estilingue não remonta a épocas anteriores à invenção da borracha. Estilingues, em boa parte de sua história inicial, eram artesanais, feitos pelo próprio usuário normalmente a partir de uma forquilha dando-se à madeira contorno manual em forma de “Y”.

Em meados de 1860, esse pequeno mecanismo já tinha ganhado má reputação devido ao uso por parte de adolescentes na prática de vandalismo. Há, inclusive, o registro de pelo menos uma morte por seu uso.

Se por um lado os primórdios dos estilingues foram mais associados aos jovens vândalos, por outro eles hoje também são armas suficientemente poderosas para caça e outros fins. Disparando projéteis metálicos, tais como balas revestidas de chumbo, chumbo grosso ou esferas de aço de rolamentos, o estilingue é proficiente para se caçar aves e animais de pequeno porte. Colocar várias pequenas bolas de munição no couro do estilingue obtém-se um efeito semelhante ao de espingarda, tal qual disparar de uma só vez um tiro de espingarda de chumbo. Com um suporte adequado, o estilingue pode também ser usado para atirar flechas com muita facilidade, permitindo a caça de animais de tamanho médio. Embora talvez um estilingue preparado para atirar flechas não tenha a mesma potência de um arco, ele tem vantagem sobre este no fato de ser muito menor, facilitando seu manuseio.

A utilização de estilingues em lugares como os Estados Unidos, Europa, entre outros, além de uma ferramenta de caça, está muito associada a hobby, esporte, diversão e camping. Não há limite de idade no seu uso, e nessas partes do mundo se encontra utilizadores, fabricantes e entusiastas principalmente entre os mais velhos.

Estilingues à venda

Estilingues para fins comerciais datam de, pelo menos, 1918, com a introdução nos EUA do Zip-Zip, um modelo de ferro fundido. Ele se tornou popular após a Segunda Guerra Mundial e trouxe um aumento na sua simpatia e licitude. Em sentido primário, eles ainda tinham a proposta de serem de fabricação caseira. Um artigo de ciência popular detalha a construção de estilingues caseiros utilizados para caçar, feitos de madeira de corniso bifurcada.

Em pesquisas feitas nos Estados Unidos pela National Slingshot Association [Associação Nacional de Estilingues], estabelecida na Califórnia, diz que embora a reputação dos estilingues estava ligada à delinquentes, 80% das vendas de estilingues eram para homens nos seus 30 anos de idade, muitos deles trabalhadores. John Milligan, alguém que gastava parte de seu tempo fabricando estilingues de alumínio para caça, tinha um terço de seus clientes médicos.

No Brasil, estilingues feitos de metal são vendidos em lojas de caça e pesca; muitos deles são chamados indevidamente de “estilingues profissionais”. Até hoje não há nada que qualifique nem defina um estilingue como sendo “profissional”. O conceito de estilingue está quase exclusivamente relacionado a algo artesanal, e mesmo quando são produzidos em massa para comercialização, isso ainda não tira sua característica artesanal inerente nem o torna “profissional”. Em torneios no Brasil, normalmente as regras exigem que os participantes utilizem estilingues em forma de “Y”, tradicionais, feitos de forquilha natural, de madeira.

Novos modelos

Os meados dos anos 50 presenciaram duas grandes inovações na fabricação dos estilingues. A Wrist-Rocket Company de Columbus, Nebraska (hoje, Trumark), por exemplo, criou o modelo Wrist Rocket, que era feito de barras de aço dobradas que formava não apenas a alça de empunhadura e a forquilha, mas também uma espécie de alça com uma cinta que se estendia para trás, sobre o punho, e dava apoio no antebraço para suportar o torque das borrachas. Ainda hoje esse modelo é amplamente comercializado, inclusive no Brasil, e são frequentemente chamados, sem razão alguma, de “estilingue profissional”. O Wrist Rocket também usa tubos de borracha ao invés de fitas, anexado às extremidades da forquilha.

Borrachas

Próximo aos anos 2000, as borrachas tipo fita haviam desaparecido da produção comercial, e a borracha tubular (chamadas também de “borracha de soro”, “tripa de mico” ou, mais recentemente, “tubo de látex”) assumiu o posto. Todavia, fitas ainda são preferidas pelos fabricantes personalizados – os chamados homemade ou handmade (que numa tradução direta significa feito em casa e feito à mão) e caseiros bem como por atiradores de competição, pois proporcionam muito maior eficiência e precisão.

Muito recentemente se descobriu as fitas do tipo Thera Band como sendo as fitas mais poderosas da atualidade para se munir estilingues. Testes feitos por atiradores de estilingues comprovam que as fitas Thera Band, principalmente as de maior resistência, criadas originalmente para exercícios físicos, quando cortadas em tamanhos e formatos adequados, conseguem liberar mais energia no lançamento do projétil fazendo com que atinjam muito mais velocidade e força.

Fitas feitas de borracha de máxima qualidade, tais como as Thera Band Ouro, são o segredo para estilingues de altíssimo desempenho. Um estilingue não é nada sem um bom conjunto de fitas ou borrachas tubulares.

A forquilha

Atualmente, designs modernos de estilingues têm sido desenvolvidos utilizando-se madeira compensada; algumas, por conta da característica de sua fabricação, são suficientemente resistentes à tração que se faz com as borrachas mais rígidas e são muitas vezes preferíveis frente a certas madeiras. O compensado é um tipo de material feito de placas finas de madeira. As camadas são coladas umas às outras, cada uma com seu grão perpendicular (ângulo de 90º) às camadas adjacentes, resultando em grande força. A simetria das dobras torna o placado menos propenso a entortamentos.

Além de um efeito bastante bonito que se obtém com a utilização de madeira compensada, a razão comum para se fazer uso desse tipo de material é, sem dúvida, seu alto nível de resistência ao rachamento. Nem mesmo madeiras maciças, em sua maioria, tomam vantagem sobre os compensados por essa última razão.

Uso Militar

Estilingues também têm sido utilizados como arma militar, mas principalmente por forças guerrilheiras por causa dos recursos e da tecnologia bastante simples exigidas pela sua fabricação. Dentre esses grupos guerrilheiros está o Exército Republicano Irlandês.

Antes da invasão do Iraque, em 2003, Saddam Hussein lançou um vídeo de propaganda demonstrando estilingues como uma possível arma de insurgência para serem utilizadas contra as forças invasoras de então.

Estilingues também têm sido utilizados pelos militares para lançar Veículos Aéreos não Tripulados. (UAVs, sigla em inglês.)

Perigos

Um dos perigos inerentes aos estilingues é a alta probabilidade de as fitas se romperem. A maioria das fitas é feita de látex, que se danifica com o tempo e, principalmente, com a utilização, fazendo com que as borrachas eventualmente se arrebentem numa determinada puxada. Quando elas se rasgam na extremidade próxima à bolsa de couro, tende a ser mais seguro, pois dessa forma elas se lançam para frente e para longe da pessoa que atira o estilingue. Por outro lado, falhas na extremidade próxima ao final do garfo, a forquilha, arremessam a borracha de volta ao rosto do atirador, o que pode causar lesões graves. Um método para minimizar a possibilidade de uma borracha se quebrar próxima ao final do garfo é utilizar uma fita cônica e fina no final próximo à bolsa e mais espessa e mais forte próximo à forquilha.

Designs que utilizam peças soltas na bifurcação, na forquilha, são os mais perigosos, pois essas partes podem se soltar, voltando-se violentamente contra o rosto dos atiradores provocando até danos sérios à visão, cegueira e dentes quebrados.

A prática no Brasil

A prática de estilingues no Brasil ainda é bastante comum em brincadeiras infantis e adolescentes, principalmente em áreas menos urbanizadas e no campo. Observa-se, contudo, em pequena medida, o uso do estilingue na prática de caça e até mesmo na pesca por parte de muitos adultos e uma tendência à prática como hobby.

A prática desse hobby tem ganhado fôlego com o crescente acesso a vídeos da internet de seu uso como passatempo e esporte em outros países. Tem havido, além disso, pequenos campeonatos municipais e de algumas associações Brasil afora. Em fevereiro de 2012, por exemplo, a Associação de Metalúrgicos de São Carlos promoveu um campeonato com prêmios de até 3.000,00 reais para os competidores. Mais de 300 competidores foram inscritos.

Referências

Há nomes mundialmente famosos e de referências neste assunto, a maioria internacional. Dentre eles se destaca Jöerg Sprave, que dedica um canal no Youtube exclusivamente aos estilingues. Jöerg é alemão, trabalha em um escritório, mas dedica parte de seu tempo na fabricação de estilingues e outras armas munidas de elásticos como hobby. Seus modelos são inusitados e incríveis.

Os chineses também são uma grande referência em estilingues, principalmente estilingues de metais equipados com borrachas tubulares. Embora as borrachas tubulares sejam um pouco menos eficientes frente às fitas, seus modelos de estilingues de metal em forma de dragão, escorpião, lobos e outros animais são de uma beleza invejável.

Há alguns poucos fóruns internacionais onde milhares de aficionados por estilingues se juntam para trocar ideias, mostrar seus novos modelos e aperfeiçoar suas técnicas. Dentre esses fóruns se destacam dois: http://theslingshotforum.forumotion.com/ e http://slingshotforum.com/. Os grandes nomes internacionais relacionados a estilingues se encontram diariamente nesses fóruns.

Jonab Gama, badoqueiro

(Fontes, Wikipedia em inglês, sites relacionados a estilingues e outras pesquisas na internet)

Por favor, ao utilizar o texto, indique a fonte.